Arte pública no combate à discriminação

Uma delegação de cerca de uma dezena de moradores do bairro da Alameda das Palmeiras, na zona da Bela Vista, técnicos da Câmara Municipal de Setúbal e da Junta de Freguesia de São Sebastião, incluindo o presidente, Nuno Costa, visitou, no dia 13 de março, a Galeria de Arte Pública (GAP) da Quinta do Mocho, no concelho de Loures.

A visita, realizada no âmbito do programa Nosso Bairro, Nossa Cidade, surgiu devido à vontade dos moradores de implementar um projeto semelhante, de arte urbana, no seu bairro. “Os moradores do bairro acharam a ideia interessante e viemos cá sobretudo para perceber como é que desenvolveram este projeto, porque queremos fazer algo semelhante, talvez não com esta dimensão, mas cumprindo os mesmos objetivos”, explicou Nuno Costa.

Recebidos por Rui Monteiro, adjunto do presidente da Câmara Municipal de Loures, na Casa da Cultura de Sacavém, os visitantes foram elucidados sobre o impacto que o GAP, iniciado há 2 anos, tem tido num bairro associado à criminalidade e à delinquência. “As pinturas trouxeram as pessoas, incluindo turistas estrangeiros; começaram a abrir estabelecimentos comerciais; e é desta forma que se rompe com o estigma e se altera a visibilidade de uma comunidade”, indicou o responsável, mostrando que “não há motivo para ter medo”.

Atualmente, para além da mudança da imagem negativa, a autarquia está a reunir esforços para atacar o nível de desemprego naquela população. Os murais foram o pretexto para a visita de uma empresa de transporte público de passageiros que decidiu abrir um programa de formação de motoristas e privilegiar os moradores daquele bairro na contratação. Uma mudança enorme, dado que há 2 anos atrás, nem sequer havia carreiras de autocarro a circular no bairro.

“Começou por ser uma ideia da câmara, mas nós, guias e moradores da Quinta do Mocho, abraçámos e acarinhámos este projeto”, revelou Kali que, em conjunto com Cláudia, foi o cicerone da comitiva setubalense durante o percurso pelos 67 murais, pintados nas fachadas e empenas dos edifícios do bairro, composto por 91 prédios, onde vivem cerca de 2800 pessoas.

Trata-se da maior galeria de arte urbana a céu aberto da Europa, onde o mote é “mostrar o bairro ao mundo e trazer o mundo ao bairro”.  As obras, entre graffitis, pinturas a pincel, colagens e esculturas, abordam diferentes temas, sendo que as questões sociais são as mais presentes, desde a discriminação, o racismo, o papel da mulher na comunidade, a multiculturalidade, os direitos das crianças, mas também algumas características dos residentes, como a sua paixão pela música. O mocho, símbolo do bairro, foi igualmente retratado em diversas pinturas.

De acordo com o guia, os artistas, de renome nacional e internacional, como Vhils, Odeith, Hopare, Smile, Astro, Bordalo II, foram convidados e realizaram os trabalhos gratuitamente, sendo que a autarquia apenas forneceu os materiais, a estadia numa residência artística e as refeições.

Na despedida, ficou em aberto um convite para uma visita dos moradores da Quinta do Mocho e autarcas de Loures à Bela Vista para “perceberem a mudança significativa, em muitos aspetos, que o programa Nosso Bairro, Nossa Cidade, trouxe àquela zona da cidade e é com orgulho que vos recebemos”, expressou o presidente da Junta de Freguesia de S. Sebastião.

Entretanto, já está agendado um festival de pintura de graffitis na Alameda das Palmeiras, entre os dias 30 de março e 2 de abril.

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