Álvaro Dias dá nome a praceta na freguesia

A Junta de Freguesia de São Sebastião e a Câmara Municipal de Setúbal prestaram homenagem ao empresário e resistente antifascista Álvaro Dias, no passado dia 17, ao atribuir o seu nome a uma praceta, entre as ruas António José Batista e Vale de Cerejeiras.

“É uma homenagem muito singela, mas penso que com a grandiosidade que Álvaro Dias merece, ou seja, perpetua-se o seu nome atribuindo-o a uma parte do nosso território e penso que isso é significativo daquilo que ele fez enquanto esteve connosco”, expressou Nuno Costa, presidente da Junta de Freguesia de S. Sebastião, durante a cerimónia de descerramento da placa toponímica.

Também a presidente da Câmara Municipal considerou que a homenagem feita “ao setubalense comerciante e empreendedor, ativista e fotógrafo, comunista e antifascista, é mais do que merecida, é um dever que Setúbal cumpre para com um homem bom, profundamente ligado à cidade onde nasceu e à qual deu importante contributo no associativismo, na política, no poder local e como empresário. Um comunista que também ajudou a construir uma cidade melhor, mais justa e mais solidária e um mundo melhor”.

Além disso, ajudou a fundar “nos duros tempos de repressão fascista” o Clube de Campismo de Setúbal e o Cine Clube de Setúbal. “Sempre, sempre acompanhado da sua inseparável companheira Helena Dias, mulher forte que o ajudou a construir muito”, afirmou Maria das Dores Meira.

Visivelmente emotiva, Helena Dias, que se fez acompanhar pelo seu filho, netos e nora, agradeceu a “justa homenagem a um homem que amava a sua cidade”, dono de uma “modéstia invulgar que em tudo o que fazia preferia o anonimato, sempre em favor dos mais desfavorecidos”, expressou a viúva, recordando a luta e sofrimento do falecido companheiro “em favor da liberdade e da democracia”.

Valdemar Santos, em representação do PCP, recordou o livro “Em Terras de Rio Feito Mar”, com fotografias da autoria do ilustre setubalense, falecido em 2014, no qual deixa alguns dados biográficos. Recordando a sua infância, diz ter aprendido “na grande universidade da rua a ser doutor sem nunca ter, um dia, um curso e a compreender o quanto o mundo é injusto. Por essa razão tinha um pensamento, uma determinação: se não acabasse na valeta (…) participaria no combate por um mundo melhor”, citou o representante do Partido Comunista Português, no qual Álvaro Dias militou ativamente.

Também Pedro Soares, dirigente da URAP - União de Resistentes Antifascistas Portugueses, da qual o homenageado foi membro, fez questão de enaltecer “o extraordinário exemplo de dedicação e militância de Álvaro Dias”, considerando que “o reconhecimento público do contributo de Álvaro Dias não é apenas um acto de elementar justiça, é também a imperiosa necessidade de dar a conhecer às novas gerações que um mundo melhor é possível”.

O contributo do ativista na fundação do Clube de Campismo de Setúbal foi recordado por António Gonçalves, filho de um dos co-fundadores do clube, que fez questão de sublinhar a “dedicação ao campismo” de Álvaro Dias, que desenvolveu a atividade a nível nacional, “ensinando muita juventude”.

Ainda na vida associativa, Álvaro Dias desempenhou, durante trinta anos, funções de dirigente e membro dos órgãos sociais, na APPACDM – Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental de Setúbal, algo que foi louvado por Rafael Calvo, membro da direção da instituição. “Álvaro Dias foi um lutador de causas nobres”, lutando “pela justiça social, em prol dos mais desfavorecidos”, disse, concluindo que “a grandeza de um país vê-se pela forma como trata os seus agentes mais frágeis: as crianças, os idosos, os deficientes. Por isso afirmo que são homens como o Sr. Álvaro Dias que são necessários para que este país seja grande!”.

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