Cerca de duzentas pessoas assistiram ao III Festival Internacional de Acordeão de S. Sebastião - S. Sebastião Acordeon Fest, que decorreu durante a tarde de 5 de maio, no Grupo Desportivo Independente, evento no qual atuaram oito talentosos acordeonistas que fascinaram o público com as suas interpretações.
“Este é um espetáculo especial que dignifica a freguesia, a cidade e o concelho e, por ser único, temos um carinho muito grande por este evento, que traz à nossa vida um instrumento que é, também ele, ímpar!”, expressou o presidente da Junta de Freguesia de S. Sebastião (JFSS), autarquia que organiza o festival em conjunto com a AAP – Associação de Acordeonistas de Portugal, em parceria com a Câmara Municipal de Setúbal, a Mito Algarvio – Associação de Acordeonistas do Algarve, a Confederação Internacional de Acordeonistas, a Confederação Portuguesa das Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto e a Associação das Coletividades do Concelho de Setúbal.
Nuno Costa, que interveio antes do início das atuações, deixou palavras de agradecimento à AAP “por este caminho que temos feito, em conjunto, nos últimos quatro anos” e que teve a sua génese em 2015, quando o movimento associativo da freguesia “decidiu lançar esta tarde dedicada ao acordeão”.
“Abrimos um evento à comunidade, produzido pelo movimento associativo e que serviu para fortalecer as próprias coletividades, tal como prova a dinamização da AAP que não tinha praticamente atividade há 4 anos atrás”, indica o autarca que se diz honrado pela JFSS poder “apoiar de forma tão expressiva este festival e contribuir para impulsionar o acordeão e o movimento associativo da freguesia”.
O festival abriu com Manuel Ramos Patrício, sócio fundador da AAP e atual presidente da Assembleia Geral da associação, acordeonista homenageado na edição anterior do festival, que tocou o “Corridinho dos Ferreiros”, seguido do tango “Lamúrias”, da sua própria autoria, e fechou com “o hino de Setúbal adotado pelo povo”: “Onde é que existe um rio azul igual ao meu…?”, tema que o público acompanhou a cantar, do principio ao fim.
Este ano, o festival foi dedicado a Joaquim Raposo, ilustre acordeonista e professor do Instituto de Música Vitorino Matono que ensinou muitos dos acordeonistas que atualmente atuam, dentro e fora de Portugal.
No momento de homenagem, coube a Ramos Patrício, apresentar o artista que conhece “há mais de 40 anos”, e que caracterizou como “sempre fiel e autodidata”. Com uma modéstia e humildade encantadoras, Joaquim Raposo agradeceu as palavras do “colega” e o tributo que a organização lhe prestou. Após a entrega de lembranças por parte da AAP, da Junta de Freguesia e da Câmara Municipal, o acordeonista profissional expressou apenas um tímido “- Não mereço tanto!”, e revelou ter sido “uma satisfação vir a Setúbal hoje”.
Em nome da Câmara Municipal, o vereador Pedro Pina valorizou o encontro e a sua componente de tributo “àqueles que tiveram um papel muito relevante (na história do acordeão), pela referência que foram, e que ainda são, para muitos dos que tocam este instrumento. É um gesto muito bonito e é importante homenagear e respeitar essa memória e esse trajeto”.
Dando os parabéns à organização pela “persistência” no trabalho de valorização do acordeão, o vereador da Cultura dirigiu um cumprimento especial ao presidente da JFSS, pela “sensibilidade de estar próximo do seu movimento associativo, próximo das suas pessoas e no apoio ao que é relevante para o dia a dia, não abdicando de ninguém, construindo todos os dias uma freguesia melhor”.
A segunda atuação da tarde coube ao jovem Tiago Inácio, ex-aluno do professor Joaquim Raposo, com quem diz ter aprendido praticamente todo o reportório que atualmente toca nos seus espetáculos. Entre os vários temas interpretados, desde a valsa ao samba, o acordeonista do Barreiro tocou a “Mazurca do Diabo”, “uma das músicas mais difíceis que aprendi com o professor”, revelou o artista do Barreiro.
Do distrito de Setúbal, descemos até ao Algarve para ouvir Jorge Alves com o seu “Obrigado por tudo”, tema que dá titulo ao seu primeiro álbum, dedicado aos seus pais. O bem-humorado artista tocou um ‘meddley’ de fados bem conhecidos do público que acompanhou a cantar e a trautear, terminando com um corridinho algarvio.
Ainda do Algarve, seguiu-se Francisco Sabóia, fundador da Casa Museu do Acordeão em Paderne, Albufeira, que deixou um convite para conhecerem o espólio do museu que dirige. “Não sou profissional, mas sou amante do acordeão e comecei a apanhar uns acordes”, explicou, antes de iniciar a sua atuação, na qual convidou o seu conterrâneo Jorge Alves para um dueto.
Foi precisamente em dueto que tocaram Mário Paulo e João Costa, respetivamente pai e filho, vindos de Torres Vedras, que tocaram vários temas, desde marchinhas a tangos.
A atuação conjunta do lusodescendente Löic da Silva e do brasileiro Felipe Hostins marcou também a terceira edição internacional do S. Sebastião Acordeon Fest que encerrou com a exímia acordeonista alentejana Maria Adélia Botelho, que todos os anos participa no evento que tem ajudado a promover.
De referir ainda que esta gala, integrada no programa oficial da Unesco para o Dia Mundial do Acordeão, contou com o apoio de: Antena 2, Rádio Jornal de Setúbal, Popular FM, Diário da Região, Gazeta Setubalense, O Setubalense, Fundação Inatel e do restaurante “A Barreira”, além do GDI como entidade anfitriã.