O Espaço das Juntas de Freguesia na Feira de Santiago recebeu, na noite de 5 de agosto, uma atividade de olaria interativa, promovida pela Junta de Freguesia de São Sebastião, que atraiu a atenção de dezenas de visitantes.

Numa parceria com a Olaria Nova, a única olaria atualmente em funcionamento na cidade de Setúbal, a Junta de Freguesia de S. Sebastião levou à Feira de Santiago uma demonstração desta arte em extinção.

Valorizar, divulgar e fomentar o interesse da população neste nobre ofício foram os principais objetivos desta atividade que decorreu entre as 20h e as 23h30 e que suscitou o interesse e a curiosidade de muitos visitantes, de várias gerações, tendo inclusive alguns deles vestido uma bata de proteção para sentir o barro vermelho com as suas próprias mãos.

Coube ao experiente oleiro Manuel Ferreira, com cerca de quatro décadas de profissão, demonstrar e instruir os entusiasmados aprendizes que, com mais ou menos habilidade, tentaram moldar algumas peças na roda de oleiro.

A primeira fase de fabrico passa por formar um pequeno monte de barro e centrá-lo na roda de oleiro, depois furar e alargar a peça conforme a intenção e criatividade de cada um, fazendo-a crescer uniformemente. A fase seguinte é a da secagem ao ar, que pode demorar vários dias, seguida da cozedura num forno a gás a cerca de mil graus, durante seis horas. O acabamento, ou seja, a vidragem, acontece depois do barro estar cozido, sendo a peça mergulhada numa solução de água e pó de vidro, processo após o qual o barro volta ao forno.

A Olaria Nova, situada na rua António José Batista, aos Quatro Caminhos, existe há 62 anos e está nas mãos da família Mateus há várias gerações. Um espaço onde a produção é cem por cento artesanal, feita só com a ajuda da roda de oleiro, fabricando peças únicas, rústicas e resistentes.

Em 2014, a Câmara Municipal de Setúbal atribuiu a Medalha de Honra da Cidade à família Mateus na pessoa do seu patriarca, Francisco Mateus, pela persistência em continuar o trabalho das gerações anteriores. Atualmente cabe a Joaquim Mateus a continuidade do legado deixado pelo pai, falecido há quatro anos.