Seniores revivem dia a dia na indústria conserveira

Um grupo de cerca de seis dezenas de séniores da Freguesia de S. Sebastião teve a oportunidade de visitar a fábrica de conservas Briosa Gourmet, na Figueira da Foz. Para alguns deles, esta foi uma oportunidade de reviverem os já distantes mas ainda muito presentes anos de trabalho nas antigas fábricas de conservas da cidade de Setúbal, que tanto marcaram as suas vidas.

A visita integrou o programa de um passeio de dois dias, organizado em parceria pela Junta de Freguesia de S. Sebastião e pela Fundação INATEL, marcado pela animação e boa disposição já características dos passeios seniores de S. Sebastião. Acompanhado pelo presidente da Junta de Freguesia, Nuno Costa, o grupo esteve também em Aveiro, onde realizou um passeio de moliceiro e degustação dos típicos Ovos Moles, e visitou a Mata do Bussaco, tendo ficado alojado na Unidade Hoteleira do Luso da Fundação INATEL.

A realização deste passeio surgiu na sequência da peça de teatro “Mulher Conserveira”, criada este ano por um grupo de mulheres que trabalharam na indústria conserveira de Setúbal e que integram o Projeto Sénior Tradições, da Junta de Freguesia, em parceria com utentes do Centro Comunitário de S. Sebastião.
A ideia de recriar, através do teatro, as experiências vividas nas fábricas de conservas surgiu quase por brincadeira, para assinalar o Dia da Mulher, 8 de março. Nesse dia, o grupo de nove mulheres fez uma pequena representação, junto à sede da Junta de Freguesia, em que todos os diálogos foram feitos de improviso e todos os adereços foram elaborados pelas próprias.

Entretanto, a Fundação INATEL teve conhecimento da peça de teatro e surgiu uma parceria entre esta entidade e a Junta de Freguesia, que permitiu que as seniores voltassem a fazer a representação, nos dias 19 e 20 de maio, no Museu do Trabalho Michel Giacometti, integrada no programa de reabertura ao público daquele espaço museológico, que já foi uma fábrica de conservas. Mais recentemente, as seniores apresentaram também a peça de teatro em Tróia, a convite do Troia Resort.

A reconstituição incluiu o “moço da bicicleta”, que ia de porta a porta avisar as operárias de que o peixe tinha chegado, o descarregador, que transportava o peixe da lota para as fábricas, um representante do patronato e as operárias que, ao tocar da sirene, corriam das suas casas para a fábrica, onde executavam diversas tarefas, tais como descabeçar, lavar, engrelhar, azeitar, enlatar ou encaixotar.

O desprezo dos patrões pelos direitos das trabalhadoras e pela sua condição de mulheres, o facto das jornadas de trabalho serem longas, chegando às 17 horas diárias ou de, muitas vezes, as mulheres serem obrigadas a levar os filhos menores para as fábricas, porque não existiam infantários naquela época, foram algumas das situações retratadas.

Apesar da dureza do trabalho nas fábricas, estas mulheres demonstraram, através do teatro, que as pessoas eram muito felizes e que havia um espírito de equipa, camaradagem e cumplicidade que hoje não existem. Muitas vezes, os problemas que enfrentavam em casa eram partilhados no trabalho, que funcionava quase como um escape.

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