Agrupamento Ordem de Sant'Iago promove interculturalidade

No âmbito da iniciativa “Dias da Diversidade Cultural”, o Agrupamento de Escolas Ordem de Sant´Iago (AEOS) dinamizou no dia 19 de novembro, na Escola Básica e Secundária da Bela Vista, um pequeno encontro de reflexão sobre a inclusão da comunidade cigana na sociedade e, em particular, na escola.

“Esta iniciativa é mais um sinal de que promovemos a interculturalidade, respeitando as características culturais e étnicas dos nossos alunos, tentando ir ao encontro dos seus interesses”, referiu Pedro Florêncio, diretor do AEOS que, em conjunto com o programa TEIP - Territórios Educativos de Intervenção Prioritária, promoveu, durante os dias 19 e 20 de novembro, atividades dedicadas à história, arte, cultura e desafios da comunidade cigana que representa 220 alunos daquele agrupamento de escolas.

O diretor lamentou a elevada percentagem de abandono escolar de alunos de etnia cigana, indicando a importância das habilitações académicas para aceder às oportunidades. Neste contexto, o AEOS tem diversificado bastante a sua oferta formativa, numa tentativa de atrair o interesse dos jovens e estimular o seu sucesso educativo.

O presidente da Junta de Freguesia de S. Sebastião, um dos oradores convidados para o colóquio, felicitou a direção do AEOS pela iniciativa, considerando que aborda uma questão social importante e pertinente.

Referindo-se a um “contexto instável da nossa vida coletiva”, Nuno Costa explicou que este é um “momento crítico”, devido à ascensão da extrema direita, aliada ao racismo e à xenofobia, gerados pelo grande movimento migratório de refugiados na Europa. “Os que acreditam numa sociedade inclusiva têm de levantar a sua voz para dizer que todos contam e que temos todos os mesmos direitos e deveres!”, frisou o autarca, sugerindo a concretização de um debate nacional “amplo e sério, no sentido de construir uma estratégia nacional de intervenção multidisciplinar”. Admitindo que a ação das autarquias, nesta vertente, está condicionada, Nuno Costa propõe a criação de “medidas concretas, acompanhadas dos devidos meios, para intervir e capacitar as pessoas que atuam no terreno”.

O autarca acredita que a solução para construir uma sociedade solidária, inclusiva e humanizada está na participação cidadã ativa. “É preciso dar ferramentas para que as pessoas possam exercer o seu poder e os seus direitos, acompanhados por muita responsabilidade, participando ativamente na sociedade”, referiu, lembrando que esse é um dos princípios base do programa municipal “Nosso Bairro, Nossa Cidade”, executado pela população, em parceria com a Junta de Freguesia de S. Sebastião.

Esta ideia foi reforçada por Manuel Coelho, adjunto do vereador da Câmara Municipal com o pelouro da educação. O responsável referiu que o programa “Nosso Bairro, Nossa Cidade”, que incide sobre cinco bairros da zona da Bela Vista, onde se concentra grande parte da comunidade cigana residente no concelho, pretende contribuir para a autonomia dos moradores, a responsabilidade e o reforço do crescimento coletivo. De referir que o programa é uma referência a nível internacional, tendo ganho, em 2018, o Prémio de Boas Práticas da Associação Internacional das Cidades Educadoras.

Por seu lado, Cátia Montes, ativista pelos direitos da comunidade de etnia cigana, lançou sugestões concretas para incluir os alunos de etnia cigana na escola e “garantir o seu sucesso”. A porta-voz, ela própria, membro da comunidade cigana, sugeriu a criação de um mediador cigano que faça a ponte entre a escola e os alunos da comunidade, algo que, de acordo com o diretor do AEOS, já está a ser preparado e será brevemente uma realidade. A formação dos docentes foi outra das propostas da oradora, que valorizou o papel do professor, considerando que este deve influenciar positivamente os alunos, “dar-lhes ferramentas e fomentar a sua auto-confiança” porque “há muita descrença na sociedade e precisamos de mais agentes de mudança, para alterar as mentalidades”.

Incrementar a autonomia da comunidade cigana, garantir a manutenção da sua identidade cultural e desconstruir preconceitos, foram outras das ideias promovidas pela jovem, de 32 anos, licenciada em comunicação social.

Música, cinema, exposições, debates e palestras foram algumas das ações dinamizadas no âmbito desta iniciativa, dedicada à comunidade cigana. Durante este ano letivo, no âmbito do programa “Dias da Diversidade Cultural”, vão igualmente ser promovidas, em períodos distintos, atividades dirigidas à comunidade afrodescendente e à comunidade brasileira.

X
Preferencias das Cookies
Usamos Cookies para lhe garantir a melhor experiência no nosso website. Se rejeitar o uso das cookies, o website poderá não funcionar como esperado.
Aceitar todas
Rejeitar todas
Política de Privacidade
Dados analíticos
Registo de dados estatísticos de acesso ao site
Dados estatísticos de acesso ao site
Aceitar
Rejeitar