O tradicional círio fluvial entre Tróia e Setúbal encerrou mais uma edição das aclamadas Festas de Nossa Senhora do Rosário de Tróia, esta segunda-feira, dia 19 de agosto, com milhares de pessoas a acorrer à zona ribeirinha sadina para ver a chegada dos barcos engalanados que transportavam a Virgem e outras oito imagens religiosas.
A ansiedade dos milhares de pessoas que aguardavam que a procissão fluvial chegasse a Setúbal sentia-se no ar. Muitos aguardavam há já quase 2 horas, junto à imagem de Nossa Senhora do Cais, padroeira dos pescadores, localizada no Jardim Engenheiro Luís da Fonseca, vulgo Jardim da Beira-Mar.
Uns por devoção e fé, outros por tradição familiar ou mera curiosidade, ninguém quis perder o momento em que a embarcação “Filipe e Pedro” parou frente à população, cerca das 19 horas. Do barco, que acolhia a imagem da Santa, com a proa virada para terra, ecoavam rezas, cânticos e palavras de conforto, ao som da música da Charanga de Sarilhos Grandes. No seu interior, o Padre Casimiro Henriques, pároco de S. Sebastião, vários representantes de entidades, tais como a presidente da Câmara Municipal de Setúbal e o presidente da Junta de Freguesia de S. Sebastião, além de pescadores e membros da Comissão de Festas, acenavam e sorriam à população emocionada que, da margem do rio, entoava os versos litúrgicos, segurando lenços brancos nas mãos.
No final de mais uma edição desta genuína tradição popular, que voltou a ter o apoio da Junta de Freguesia de S. Sebastião, o presidente da Comissão de Festas de Nª Srª do Rosário de Tróia fez um balanço positivo. “Foi uma festa bonita, na qual sentimos o apoio os participantes que nos dão ânimo para continuar a organizar estes festejos”, expressou Armando Oliveira.
Mais de 60 embarcações de pesca e recreio ancoradas na Caldeira de Tróia e cerca de 800 campistas, foram os números apontados pelo responsável, que este ano volta a mostrar-se satisfeito com o civismo da maioria dos participantes. “Em termos de limpeza as pessoas estão a colaborar. Quase não se vê lixo, nem fogueiras, tanto no areal como ao longo da estrada”, revelou, indicando a ação de sensibilização para a limpeza das margens da caldeira e zona adjacente, levada a cabo pelas guardiãs do mar do projeto Ocean Alive, como uma mais valia no evento.
A celebração religiosa iniciou-se com um tríduo, entre os dias 14 e 16 de agosto, na Igreja de S. Sebastião, sita no bairro de S. Domingos, de onde partiu, no dia 17, um cortejo em direção ao rio, para transporte fluvial da imagem da Santa até à capela da Península de Tróia, com acompanhamento das bandas da Sociedade Musical Capricho Setubalense e da Charanga de Sarilhos Grandes.
Uma procissão de velas pelo areal da Caldeira de Tróia, uma missa pela alma dos marítimos falecidos e seus familiares, um concurso de barcos engalanados, fogo de artifício, bailes e arraiais na praia estiveram também incluídos na programação da festa anual dos pescadores.